Eventos # 01 - Exposição "QUADRINHOS" - Uma imersão na história da 9ª arte.


EXPOSIÇÃO "QUADRINHOS" - Uma imersão na história da 9ª arte


   De 14/11 até 31/03/2019, o Museu da Imagem e do Som de São Paulo recebe a exposição "Quadrinhos", um tributo à uma arte que durante muito tempo foi relegada ao entretenimento infantil, mas que vem conquistando cada vez mais espaço e reconhecimento entre leitores adultos e até mesmo entre o  meio acadêmico.

   Estive lá no último final de semana com minha família e me diverti muito vendo a empolgação da minha esposa, que nunca demonstrou muito interesse por hqs, extasiando-se com tudo e  fotografando com avidez.

Logo na entrada, Piteco e Horácio nos dão as boas-vindas

   A exposição, que ocupa praticamente todo o espaço do museu, convida os visitantes à uma viagem pela história da 9ª arte, desde os desenhos pré-históricos rasbicados em paredes de cavernas até o advento das hqs digitais.


Hominídeos pré-históricos: os primeiros quadrinistas  


   Logo no início somos apresentados aos desenhos ruprestes e a diversos exemplos de comunicação visual em diferentes civilizações, como os gregos e os egípcios (Afinal, o que são os hieróglifos senão gibis rudimentares?). A história contada através de imagens. Quadros explicativos e apresentações multimídia, que se estendem por toda a exposição, ajudam o visitante a entender e a enriquecer sua experiência.
   Em seguida, numa montagem extremamente criativa, a escada entre o térreo e o primeiro andar tem as paredes forradas de tirinhas em forma de cata-vento. O espaço, pequeno mas muito bem aproveitado, é dedicado às tiras de jornal.



Tiras de jornal: desde o século XIX os
editores já haviam percebido que as tirinhas ajudavam a vender mais jornais.

     Chegando ao primeiro andar, o primeiro espaço é dedicado às hqs européias. Os quadros explicativos chamam a atenção para a importância que as hqs ocupam na cultura européia, na formação infantil, nas universidades e no mercado editorial. Destaque para as produções franco-belgas (com Asterix como seu carro-chefe) que movimentam números impressionantes: são quase quatrocentas editoras que publicam mais de 5 mil títulos por ano! Não preciso nem dizer que nem um décimo desses títulos chegam ao Brasil...



Meu filho cumprimentando Tin-Tin

   Da Itália vem o nosso querido Tex Willer, o personagem western mais longevo da história dos quadrinhos, publicado desde 1951, e protagonista da mais popular hq de faroeste já publicada no Brasil. Da Itália destacam-se também Dylan Dog e Diabolik, ambos já publicados por aqui. Os autores italianos Guido Crepax e Milo Manara ganharam um espaço à parte na exposição que vou mostrar mais adiante.

 Tex Willer, o ranger mais popular 
Eu e Diabolik

   Achei que as hqs inglesas tiveram pouco espaço. Alan Moore e Neil Gaiman são citados, mas é só. Pela sua complexidade, o  universo de Sandman merecia uma sala inteira na minha opinião, mas acabou não tendo nenhum destaque.
   Algo que me surpreendeu foi o destaque que deram para Marjane Satrapi (adoro a obra dela). A animação "Persépolis", baseada na hq de mesmo nome, estava sendo exibida num dos vários monitores espalhados pela exposição.


Uma máscara de "V", autografada por David Lloyd
A polêmica charge do jornal francês Charlie Hebdo, com uma caricatura de Momé lamentando o atentado ocorrido no jornal em 07/01/2015 que matou doze pessoas
Homenagem à "Persépolis", a obra que apresentou Marjane Satrapi ao mundo

   O espaço dedicado aos mangás deixou evidente a importância que as hqs japonesas conquistaram aqui no ocidente. Uma sala inteira foi dedicada ao mangá, com destaque para os títulos mais populares em publicação e também aos grandes clássicos.
Ao mestre Osamu Tezuka, uma parede só com suas obras, numa montagem artística digna do "Pai do mangá moderno"
Curiosidade: Na década de 90, auge da revista Shonen Jump, o Japão consumia mais celulose para impressão de mangás do que para fabricação de papel higiênico.

Revista Shonen Jump, o carro-chefe do mercado editorial de mangás no Japão


Akira: a obra ciber-punk que fez o ocidente descobrir o mangá

Osamu Tezuka teve destaque, com uma parede dedicada somente às suas obras.

   O espaço mais criativo da exposição, na minha opinião, foi o dedicado ao erotismo. Sugestivamente, a sala dedicada aos autores eróticos foi montada num banheiro. Não se trata de um cenário montado, é um banheiro de verdade. Por motivos óbvios, essa parte da exposição só é permitida aos maiores de dezoito anos ou aos maiores de dezesseis acompanhados dos pais e com autorização assinada pelos mesmos.








   Fechando o primeiro andar da exposição, chegamos a um espaço inteiramente dedicado ao mestre Maurício de Souza. Toda a história da Turma da Mônica e dos primeiros personagens que Maurício criou antes da turma está lá. Seja adulto ou criança, é impossível não se encantar.










A exposição prossegue, de volta ao térreo, mas antes, nas escadarias, uma homenagem à obra de Angelo Agostini: jornalista, chargista, ilustrador e considerado patrono dos quadrinhos brasileiros.





O espaço dedicado às publicações brasileiras é bem abrangente, mas desorganizado, na minha opinião. Diferentes gêneros acabaram misturados. Poderiam ter feito espaços separados para cada um. A exceção foram as hqs undergrounds que serão mostradas mais adiante.







Grata surpresa: uma sala inteiramente dedicada ao Ziraldo. Para quem não sabe, o "Pai do Menino Maluquinho" sofreu um grave AVC este ano e ainda está se recuperando.

Menino Maluquinho: nasceu como livro, que vendeu mais de 2 milhões de exemplares, depois virou filme, programa de TV e Hq.


A charge mais famosa de Ziraldo (e também uma das mais plagiadas no mundo inteiro)
Ziraldo (em realidade virtual) mostrando-me um de seus trabalhos


   O espaço dedicado aos quadrinhos underground e aos fanzines ficou simplesmente fantástico. Um salão de pé direito enorme, com as paredes ilustradas com sacadas, onde eram projetadas imagens dos grandes quadrinistas underground e suas obras. O legal deste espaço é que haviam vários exemplares de revistas e fanzines à disposição para quem quisesse folhear. Para quem não conhecia Chiclete com Banana, Níquel Náusea, Casseta Popular e Circo entre outros, este espaço resgatou essas saudosas publicações dos anos 80 e 90. Destaque para Angeli, Glauco e Laerte.










Os quadrinhos latinos tiveram pouco destaque. Um móbile com as obras mais conhecidas como Mafalda e Macanudo, duas ou três artes originais, e só.




Finalmente, o salão das Hqs norte-americanas. O espaço foi montado como um grande container e as hqs expostas em caixotes tipo exportação, deixando bem claro a supremacia das publicações norte-americanas no mercado mundial.












Will Eisner ganhou um espacinho só pra ele. Nada mais justo.

   Walt Disney, como não poderia deixar de ser, ganhou também uma sala exclusiva. Pequena, porém, em relação à grandiosidade de sua obra.










   E, finalmente, para encerrar a exposição, as cerejas do bolo: DC e Marvel. Cada uma, é claro, com uma sala própria.
   No espaço da Marvel tentaram fazer uma reprodução da cidade de Nova Iorque. Um mural-maquete com algumas apresentações multimídia, algumas artes originais... e só! Decepcionante, na verdade...





 Quem curte Homem-Aranha vai entender a referência...

   Para compensar o fiasco da sala da Marvel, o espaço da DC é um sonho para qualquer fã: uma reprodução da Batcaverna! Eu poderia morar ali, é sério!

 A clássica moeda gigante. Só faltou o dinossauro...





 Meu filho ao lado de Aquaman
 O Batmonitor (fantástico!)
 Arte original de Alex Ross para "Mulher-Maravilha: O Espírito da Verdade"(vale alguns milhares de dólares)

O uniforme original de Robin na série clássica da década de 60.

Exposição "Quadrinhos"
Quando: 14 de novembro de 2018 a 31 de março de 2019. De terça a sábado, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 9h às 18h.
Onde: Museu da Imagem e do Som – MIS. Av. Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo
Informações: (11) 2117-4777 / www.mis-sp.org.br
Quanto: de R$ 7 a R$ 30, à venda na bilheteria ou pelo site: www.ingressorapido.com.br

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